A lista a seguir é um compilado de termos comuns à prática do Forn Siðr, do paganismo nórdico e da prática pessoal de diversos grupos. Vale notar que algumas palavras são reconstruções adaptadas.
Pesquisa linguística: Clarissa Roldi
Álfr – (Subs, m.; plural Alfir) – Categoria de espíritos naturais que traduz literalmente para “elfo”. São belos seres normalmente associados à magia e ao sobrenatural.
Ás – (Sub, m.; plural Æsir) – Descritivo genérico para divindades masculinas pertencente ao clã de deuses que reside em Ásgarð.
Ásynja – (Sub, f.; plural Ásynjur) – Descritivo genérico para divindades femininas pertencentes ao clã de deuses que reside em Ásgarð.
Biðja – (Verbo) – Do Proto-Germânico bidjaną (suplicar, pedir, solicitar); A palavra refere-se ao ato de dedicar-se à uma prece. Em contexto não religioso, uma palavra que traduz o significado de solicitar (algo a alguém) é beiða.
Blót (Subs, n.; plural blótar) – Sacrifício ou Culto; é uma palavra com significado disputado, mas a ligação forte desta palavra com o blood (inglês moderno) não é certeira; possível relação com blōtą, do Proto-Germânico, significando “oferecer, sacrificar”; Blót descreve, em linhas gerais, um rito de sacrifício direcionado aos deuses. Em tempos modernos pode descrever qualquer ato de sacrifício (sangue, bebida ou objetos), mas há comunidades que fazem distinção, usando blót para descrever apenas sacrifícios que envolvem sangue animal.
Blótlág – Equivalente europeu a kindred; pode ser usado para descrever um grupo não tão intimo que se reúne para culto comunitário, já que kindred implica em deveres familiares e, por conseguinte, grande intimidade e confiança interpessoal.
Blótmaðr (Subs, m.) – sinônimo de Goði – Sacerdote ou dirigente do blót.
Dís – (Subs, f.; plural dísir) – Senhora, dama; Descreve uma categoria de deidades femininas; entram nesta categoria valkyrjur, norni e vættir tutelares.
Disablót (Subs, n.) – Blót dedicado às deidades femininas – dísir.
Draugr – Mortos que por algum motivo não puderam encontrar seu descanso; o termo é relacionado aos hangbúi, outra categoria de mortos, que possuem a limitação que o draugr não tem: Localidade. Ao contrário dos hangbúi, que estão presos ao seu túmulo, o draugr é livre e apenas descansa após resolver suas pendências (normalmente relacionadas à vingança) ou quando é colocado para dormir novamente – através de lei imposta pelo dono da terra a qual o draugr vaga.
Dvergr (Subs, m.; plural dvergar) – Anão; espíritos associados à pedras, terra e trabalho com metais; acredita-se que não havia muita distinção entre anões e elfos.
Fainning (Subs) – Termo amplamente utilizado no paganismo Anglo-Saxão para descrever um ritual sem sangue; em alguns lugares o termo também é utilizados por praticantes de paganismo nórdico. O termo parece ser relativamente moderno, vindo do adjetivo “fain” em Inglês Médio que significa “satisfatório”.
Friðr (Subs, m.) – Literalmente “paz”; do Proto-Germânico friþuz – “santuário”, “refúgio”, “paz”, “tranquilidade”. No nosso contexto está ligado à harmonia e estabilidade familiar, tanto entre familiares de sangue quanto de juramento.
Galðr (Subs, m.; plural galðrar) – Feitiço, encantamento; Do Proto-Germânico galdraz, que faz referência à “canto”, “música” paralelamente à “feitiço”, “encantamento”; relacionado à pratica de emitir sons vocais com intuito ritualístico.
Goði (Subs, m.; plural goðar) – Sacerdote ou dirigente do blót.
Griðr (Subs, m.) – Trégua; harmonia entre pessoas e comunidades que não estão relacionadas por sangue, juramento ou laços de amizade. Implica em seguir as leis de um local especifico para grandes reuniões.
Gyðja (Subs, f.; plural gyðjur) – Divindade feminina; também usada para referir-se à sacerdotisa.
Heimr (Subs, m.; plural heimar) – Casa, lar, morada, terra.
Hof (Subs, n.; plural hof) – Templo, santuário; a palavra tem relação com roof (“teto” em inglês), significando um “santuário coberto”.
Hǫrgr (Subs, m.; plural hǫrgar) – Altar externo, geralmente composto por pedras, podendo referir-se também a um marco sobre um túmulo.
Hugr (Subs, m.) – Do Proto-Germânico hugiz, significando mente, pensamento, sentido, compreensão; palavra usada para se referir à alma, também associada à “memória”.
Húsvættr (Subs, n.; plural Húsvættr) – Espírito da casa no folclore escandinavo, responsável por proteger o ambiente e cuidar da sorte da família.
Innangarðr – Cerco interno; descreve um constructo social multi-camada composto por familiares, amigos e pessoas com quem temos obrigações e responsabilidades.
Jól – Rito que toma parte no ponto alto do inverno.
Jötunn (Subs, n.; plural jötnar) – Gigante; classe de seres naturais normalmente associados à forças destrutivas ou muito grandes para ser contidas.
Kindred (Subs, n.; plural kindreds) – Família; descreve um grupo ou tribo que não só se reúne para o culto comunitário como também possui laços criados através de sangue ou juramentos que implicam obrigações de friðr. Palavra em Inglês derivada do Proto-Germânico kunja; Proto Indo-Europeu ǵenh – “dar à luz”, “procriar”, “gerar”.
Lag (Subs, n.; plural lǫg) – lei. Pode ser associado ao conceito Anglo-Saxão de þēaw, que remete à lei tribal;
Lǫgsǫgumaðr (Subs, m.;) – Literalmente o “homem que fala as leis”; sua função era intermediar disputas e recitar a lei tribal durante a þing.
Mægin (Subs, n.) – Descritivo de uma especie de substância metafisica, um poder que é inerente a todos os seres; similar ao mana na cultura Maori ou ao qi na cultura Chinesa.
Mímir (Subs, m.) – Do Nórdico Antigo significando “o sábio”; figura mitológica reconhecida por seu conhecimento e sabedoria, decapitado durante a guerra entre os Æsir e Vanir, após a qual Odin recebe conhecimentos secretos e conselhos da cabeça cortada.
Norn (Subs, f.; plural norni) – Deidades femininas responsáveis pelo Urðr (destino)..
Offr (Subs, m.; plural offir, verbo offra) – Oferenda; descreve um rito de sacrifício ou o ato de oferecer algo fora do contexto de um blót (comunal entre tribos e deuses) e de um sumbl (comunal entre pessoas). É interessante notar que o termo é genérico e pode ser aplicado aos contextos supracitados; no entanto, é preferível fazer uma distinção entre as sutilezas de cada espécie de rito.
Ørlǫg (Subs, n.) – Destino; A sua “primeira lei”, sorte herdada, caminho pessoal.
Ortopraxia – Do grego ὀρθοπραξία, “ação correta”; conjunto de técnicas e credos que faz parte de uma determinada tradição, com ênfase na conduta, tanto ética quanto litúrgica, em oposição à fé ou graça (ortodoxia).
Óskmey (Subs, f.) – Valkyrja
Ráð (Subs, n.; plural ráð) – Conselho.
Rekelsi (Subs) – Incenso.
Seiðr (Subs, m.) – categoria de magia, mais comumente praticado por mulheres.
Seiðkona (Subs, f.) – seiðr (“bruxaria) + kona (“mulher”); praticante feminina de magia seiðr.
Seiðmaðr (Subs, m.) – seiðr (“bruxaria) + maðr (“homem”); praticante masculino de magia seiðr.
Siðr (Subs, n.) – costume, hábito.
Skuld (Subs, f.) – (1) É o que deve ser pago ao se quebrar um juramento; (2) norn cujo nome remete à “débito”, “futuro”.
Sumbl – Ceia ou banquete; rito feito da comunidade para comunidade a fim de reforçar e criar laços, sejam de amizade ou de juramento.
Svartálf (Subs, m.) – Categoria de espíritos naturais ligados à cavernas, pedras e ferreiros. Os “elfos negros” tem seu nome traduzido para “anão” em tempos atuais.
þēaw (Subs, m.; plural þēawas) – Palavra em Inglês Antigo usada para englobar um conceito referente ao costume de leis tribais; hábito, costume. O equivalente mais próximo dentro do paganismo nórdico seria Siðr.
þing/Alþingi (Subs, n.; plural þing) – Reunião com propósito de fazer leis, executar justiça e tomar decisões administrativas; Parlamento, conselho, assembleia.
þulr (Subs, m.) – Equivalente ao braço direito de um líder tribal.
Trú (Subs, f.; plural trúr) – Fé, crença; Asatrú Vanatrú, crença nos Æsir e Vanir.
Urðr (Subs, f.) – Destino.
Útangarðr – Cerco externo, extragrupo; local existente entre a tribo e o mundo selvagem.
Vanr (Subs, m.; plural Vanir) – Descritivo genérico para divindades pertencentes ao clã de deuses oriundos de Vanaheimr.
Vargr (Subs, m.; plural vargar) – lobo, destruidor.
Vættr (Subs, n.; plural Vættir) – Nome usado para denominar diferentes raças de seres sobrenaturais; espíritos
Valkyrja (Subs, f.; plural valkyrjur) – “a que escolhe os mortos”; dísir menores cujo propósito é eleger os mais heroicos guerreiros mortos em batalha e conduzi-los ao Valhalla.
Vé (Subs, n.) – Espaço sagrado.
Vǫlva (Subs, f.; plural vǫlur); spákona, spækona – vidente, cargo ocupado tradicionalmente por mulheres.
Vǫrðr (subs, m.; plural varðir ou verðir) – protetor, guardião; espírito protetor que segue a alma da pessoa do nascimento até a morte.
Frases, conceitos e expressões:
Forn Siðr – Antigo costume; assim como Ásatrú, pode descrever uma série de visões a respeito da prática do paganismo nórdico; no nosso caso, descreve uma prática focada em tribalismo, costumes e reconstrução da cultura e fé antiga dos nórdicos.
Til árs ok friðar – Desejos de um bom ano e paz (friðr).
Ver heill ok sælr – Desejos de boa saúde e felicidade.
Abreviações comumente usadas:
AS – Anglo-Saxão
GP (UPG) – Gnose Pessoal (Unverified Personal Gnosis): termo usado para fazer referências à experiências pessoais que não podem ser evidenciadas nas fontes históricas e acadêmicas.
IE – Indo-Europeu
OE – Old English, Inglês Antigo
ON – Old Norse, Nórdico Antigo
PG – Proto-Germânico
PIE – Proto Indo-Europeu
Fontes:
A Concise Dictionary of Old Icelandic – Geir T. Zoëga
A New Introduction to Old Norse: Part I Grammar – Michael Barnes
A New Introduction to Old Norse: Part III, Glossary and Index of Names – Anthony Faulkes
Dictionary of Indo-European Concepts and Society – Émile Benveniste
Cleasby Vigfusson Dictionary: Icelandic to English
Tradução e adaptação para o Português: Clarissa Roldi