É fogo que arde de dentro pra fora
Queima a alma e marca cada pedaço
Abraça, se alastra
Ocupa em mim todos os espaços
Destrói, consome, e o que estiver no caminho
a chama come
Do meu ego, às entranhas e o coração
Corrói, e tudo derrete
E quando apaga, o ciclo se repete
Nesta moradia incinerada
Parece não caber mais nada
Além da mágoa que preenche
As rachaduras das paredes
Durmo aqui, mais uma vez, dilacerada
Entre o insano e maníaco, a tristeza e pesar
Está a tal fronteira
O tênue fio onde busco me equilibrar
Na corda bamba, é o meu lar
E lá vem ela cantando, a graúna que me assombra
As garras que apertam o meu peito
E o bico que rasga a minha pele
Seja, talvez, o mais próximo de afeto que mereço
Uma hora vai embora
Deixa um vácuo, um buraco
Espalha suas migalhas
Que eu pego e me apego
É dor, é agonia, é remorso e alegria
É grito ensurdecedor, é canto encantador
É disforme, irreal, assustador, surreal
É meramente… visceral